quinta-feira, 7 de julho de 2011

O GIGANTE adormecido

Adormeceu. Esse é o verbo que mais identifica a real situação do Atlético Mineiro, o Galo Forte e Vingador. Um time que dominou junto ao Flamengo a década de 80 tanto nos gramados, quanto fora dele e para completar o domínio era a base da Seleção Brasileira composta por João Leite, Luizinho, Paulo Izidoro, Eder Aleixo, Toninho Cerezo e Reinaldo.

Os torcedores do Galo gostariam de ter adormecidos junto com o time naquela década, mas infelizmente ficaram acordados para ver o presente talvez mais assombroso da história do clube.

A crise na Cidade do Galo não tem data para terminar. E a crise não afetou apenas dentro de campo não, pois um dos maiores patrimônios do clube, sua torcida apaixonada, começou a ter um sentimento diferente do que era antes pelo seu querido Galo Doido, um sentimento de mágoa, de rancor, infelizmente enojado de sua maior paixão.

Mas esse presente obscuro não é apenas por causa das três goleadas sofridas no Campeonato Brasileiro, é tudo fruto daquele ditado "colhemos o que plantamos" e isso é o resumo de tudo, o Atlético colheu o que plantou durante anos. A barca não é apenas de Alexandre Kalil,  Eduardo Maluf, Dorival Junior e os jogadores, mas sim de toda uma incompetência que foi feita no clube mais tradicional de Minas Gerais desde os anos 90 quando passaram pela presidência do clube pessoas como Paulo Cury, Nelio Brant, Ricardo Guimarães (que ainda tem vinculo no Atlético), Ziza Valadares e Alexandre Kalil.

Se eu fosse escrever tudo que esses ex mandatários fizeram com o Galo, poderia ficar horas e mais horas e não seria o suficiente. Mas se o assunto é disputar ou ganhar títulos, Paulo Cury e Nelio Brant ainda poderiam ter direito de uma defesa, já que ambos montaram os últimos bons elencos que o Atlético teve e disputou títulos como as duas Conmebol que na época era valorizada e o Campeonato Brasileiro de 1999, última vez que o Galo almejou objetivos maiores no futebol. Mas há quem diz que o último citado é o principal culpado pela inhaca que o clube passa, após pintar a imagem de uma santa em preto, o manto que era azul, cor do maior rival Cruzeiro.

De lá para cá, começou a sobrevivência do Atlético movida pela torcida. Desde a virada do século, o Galo  é um mero coadjuvante no futebol nacional e regional. Em 11 anos, o alvinegro conquistou apenas três estaduais. Mas sua fiel torcida estava sempre presente, seja nos momentos razoáveis e nos momentos ruins, porque momento bom, o Galo não vive faz tempos. Uma torcida que mesmo carente de títulos quebrou recordes de público em todos os campeonatos possíveis.

Toda essa crise é um acúmulo de circunstâncias sofridas durante esse longo tempo. Não é uma simples má fase. A falta de títulos de expressão passa por cima de qualquer argumento de melhor centro de treinamento do Brasil, de time mais rico do Brasil e todas essas coisas insignificantes no resultado do futebol. Ter uma estrutura boa é importante sim, mas você constrói uma estrutura para você ter condições de montar um elenco com jogadores de capacidade de ganhar e não de fracassados.

Por falar em jogadores, parece quem alguém esqueceu de twittar né Srº Alexandre Kalil? Só você que enxergou que o atual elenco do Atlético disputaria título, mas o torcedor sabe muito mais do Atlético do que você próprio e é claro que ele sabe que esse atual elenco virou um sério candidato ao rebaixamento. Para alguns torcedores, esta situação é considerada uma tragédia anunciada, assim como aconteceu em 2004/2005 quando o Atlético se manteve na elite em um ano, mas caiu para série b no ano seguinte manchando sua história. Ano passado foi por pouco que não voltou para a segundona e novamente este ano vem frequentando a parte de baixo da tabela após despencar com goleada atrás de goleada.

Se os jogadores estão numa tentativa de boicote ao treinador Dorival, ou se o culpado é o preparador de goleiros, ou se é o presidente por contratar jogadores incapacitados, ou até mesmo culpa do treinador, não sabemos, mas sabemos o suficiente que jogadores como Magno Alves, Patrick, Guilherme Santos, Giovanni Augusto, Serginho, Daniel Carvalho e até o vencedor Richarlyson são incapazes de vestir a camisa do Atlético Mineiro que um dia já foi uma base da Seleção que mais encantou o país com o futebol.

A situação é crítica e ainda dá tempo, mas a paciência da torcida acabou, por incrível que pareça. Alguém tem que ter a sensibilidade e capacidade de compreender que a maior ajuda que o Atlético sempre teve foi seu torcedor, e que o mesmo começou a virar a cara para sua religião. Acorda Galo, ainda dá tempo de voltar a ser você, um GIGANTE.